O Valor da Fé


Ok. Vamos deixar algumas coisas claras desde o começo:

1.   Nós vivemos em um mundo no qual a vida como conhecemos pode acabar a qualquer momento.

2.   Nós, os cidadãos comuns, não estamos fazendo nada para que isso não aconteça, a não ser permanecer num estado de inércia.

Tendo isso em mente, e com um mínimo conhecimento em história, imagine a minha reação quando estou discutindo o futuro da humanidade com um grupo de pessoas e alguém se manifesta, dizendo: “Nós precisamos ter fé”.


Desnecessário dizer que preciso de muito alto-controle para não afundar meu braço garganta abaixo nesse alguém. E isso não é nem pelo fato de ser ateu e considerar toda essa baboseira sobre Deus a maior estupidez aceita socialmente pela humanidade. É simplesmente pelo fato de tal indivíduo desprovido de qualquer maça cefálica não ter aprendido absolutamente nada com os erros do passado.

- Devemos respeitar todas as religiões! – você pode estar pensando.

Mas... Devemos mesmo?

Mesmo religiões que tratem a mulher como inferior. Ou que tenham como ritual a mutilação de recém nascidos. Religiões na qual meninas de 8 anos se casam com homens de 40. Onde essas mesmas meninas tem parte de suas vaginas arrancadas para que elas não possam sentir prazer.

Até que ponto nós devemos respeitar rituais culturais e deixá-los acima dos direitos humanos?

- Ah, você está querendo “americanizar” o mundo. Qual o próximo passo, um Mcdonalds em cada esquina?

Não!

O que eu estou dizendo e espero estar sendo claro o bastante quando digo é que: Religião é um câncer que deve ser removido o mais rápido possível, quando se choca com direitos humanos básicos.

- Você não pode provar que meu Deus não existe!

Não. Mas, qualquer pessoa decente sabe que um Deus que assiste tudo isso e não faz absolutamente nada não pode ser bom. Aposto que todos esses vendedores de fé nunca pensaram que talvez Deus não goste deles.

- Zé, teu filho morreu.

- Ah, ele era um anjo. Deus chamou ele.

- Sei não, hein Zé. Se eu gosto de alguém eu não deixaria ele morrer com uma bala no peito, a cara na sarjeta suja, enquanto engasga com o próprio sangue. Mas quem sou eu, né.

Agora, falando sobre o futuro. Devemos ter fé?

Sabe a idade das trevas? Isso mesmo, quando a igreja dominava tudo. Nesse período a humanidade foi assolada por um mal chamado de “Peste Negra”. Pessoas morriam aos milhões. Cidades e quase países inteiros foram devastados. Estava todo mundo se fodendo.

Agora uma conclusão lógica: Hoje em dia, com a ciência no ponto avançado onde está, a disseminação rápida das notícias e a facilidade para se obter conhecimento, e ainda assim 80% dos Estados Unidos da América acreditam num cara que vive acima das nuvens e vê tudo o que você faz. Isso, quando você se masturba também. E que o planeta em que vivemos tem menos de 5 mil anos. Sem contar a história sobre a cobra falante e o casal de nudistas vivendo num jardim. O tipo de pessoa que quando perguntada sobre o futuro, responderia “Devemos ter fé”.

Me chame de louco, mas acredito que quando a Peste Negra fazia a sua visitinha e as pessoas não sabiam absolutamente nada mais do que a igreja às dizia, elas tinham fé pra caralho!

Agora abra o livro de história e me diga do que isso adiantou?

PORRA NENHUMA!

Então, quando alguém vem me dizer para ter fé no futuro e eu me lembro que a grande maioria das pessoas nesse mundão pensa da mesma forma, eu tenho a certeza de que estamos condenados.

Fé é o recurso dos desesperados, e o primeiro passo para sobreviver é não se render ao desespero.

Faz muito tempo que não somos mais macacos vivendo em cavernas e nos matando por um pedaço de carne. Nós sobrevivemos à idade das trevas com o nascimento da luz da ciência, e devemos nos livrar dos últimos resquícios de escuridão se quisermos sobreviver ao que estar por vir.

Não precisamos de fé no futuro. Precisamos de bom-senso.